O arquivo de Bernardino Machado é composto por uma enorme diversidade de documentos, desde apontamentos pessoais, monografias, imprensa e caricaturas, destacando-se um importante conjunto de correspondência, familiar e política, incluindo com várias centenas de personalidades nacionais e estrangeiras, com as quais Bernardino Machado manteve correspondência ao longo da sua vida.
Os manuscritos de Bernardino Machado representam também um volume expressivo, constituído por centenas de apontamentos avulsos, essencialmente da época do segundo exílio, nos quais foi registando ideias e opiniões que o foram inspirando na elaboração dos vários manifestos publicados contra a Ditadura.
O conjunto de imprensa constante do fundo revela também uma significativa riqueza, expressa em mais de cem títulos de periódicos/números únicos, alguns dos quais relativamente raros nas bibliotecas portuguesas.
A documentação situa-se entre as datas limites de 1860 e 1944 (existindo ainda um conjunto de recortes de imprensa que vão até 1983), embora a maior parte dos documentos digam respeito ao período situado entre 1873 e 1944, anos de vida pública ativa de Bernardino Machado.
Os documentos posteriores à sua morte são essencialmente recortes de imprensa e publicações, reunidos por Manuel Machado Sá Marques, e alguns apontamentos deste.
Fundação Mário Soares e Maria BarrosoProfessor, investigador, académico, jornalista e político republicano.
Bernardino Luís Machado Guimarães nasceu no Rio de Janeiro, a 28 de março de 1851, que deixou, juntamente com a família, em 1860, estabelecendo-se em Joane, freguesia de Vila Nova de Famalicão. Foi uma figura singular no panorama político português, cuja vida atravessou o final da Monarquia, toda a I República, a Ditadura Militar e parte do Estado Novo.
Em 1866, matriculou-se na Universidade de Coimbra, formando-se em Filosofia, tendo cursado três anos de Matemática.
Em 1879, ascendeu a lente catedrático de Filosofia. Dedicou-se à Antropologia, introduzindo esta cadeira na Universidade.
Cedo se destacou pela sua atividade pedagógica, que o levou a integrar o Conselho Superior de Instrução Pública e a participar em numerosos eventos ligados ao ensino.
Iniciado na Maçonaria em 1874, chegou a presidente do Conselho da Ordem do Grande Oriente Lusitano Unido e a grão-mestre, de 1895 a 1899.
Iniciou a sua carreira política filiado no Partido Regenerador, estreando-se no parlamento como deputado em 1884. Em 1890 foi eleito, pela Universidade de Coimbra, Par do Reino. Em 1893, foi escolhido para a pasta das Obras Públicas no governo de Hintze Ribeiro, revelando uma profícua atuação.
Em 1903, afastou-se do campo monárquico, aderindo ao republicanismo, sendo, mais tarde, eleito para o Diretório do Partido Republicano, de que passou a ser um dos vultos tutelares. Em 1907, tomou o partido dos estudantes durante a greve académica, demitindo-se da Universidade.
Proclamada a República, teve uma intensa atividade política, logo desde o Governo Provisório, sobraçando a pasta dos Negócios Estrangeiros, numa conjuntura particularmente difícil, já que era necessário garantir o reconhecimento do novo regime. Foi candidato à Presidência da República, com o apoio do grupo de Afonso Costa, não logrando ser eleito. Foi deputado às Constituintes de 1911, depois senador, e, em 1913, ministro de Portugal no Rio de Janeiro.
Regressou do Brasil em 1914 para organizar governo, ao qual presidiu detendo também a pasta do Interior. Em 1915 Bernardino Machado foi eleito Presidente da República, vendo o seu mandato interrompido pelo golpe sidonista, em 1917. Exilou-se então em França de onde regressou em 1919, para retomar a atividade política ativa como senador.
Voltou a chefiar o governo em 1921 e, em 1925, foi novamente eleito Presidente da República, função que desempenhava quando eclodiu o movimento militar de 28 de Maio de 1926. Expulso do país no ano seguinte, exilou-se em Espanha e, com a derrota da República, seguiu para França, onde lutou contra a ditadura militar e o Estado Novo, publicando dezenas de manifestos contra o regime. Foi um dos fundadores da Liga de Defesa da República e participou igualmente na organização da Frente Popular Portuguesa. Regressado a Portugal na sequência da Queda da França, em 1940, com 89 anos, foi-lhe fixada residência em Vila Nova de Famalicão.
Faleceu no Porto, a 29 de abril de 1944.
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