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Mário Soares
O Arquivo Mário Soares é constituído, em grande parte, pelo arquivo pessoal de Mário Soares, exprimindo a natureza da sua documentação a sua enorme diversidade e complexidade.
Relativamente ao período anterior ao 25 de Abril de 1974, a documentação refere-se maioritariamente à oposição ao Estado Novo, incluindo uma parte dedicada ao percurso pessoal de Mário Soares (atividade jornalística e literária, advocacia), e é composta por diversos conjuntos temáticos que dizem respeito à atividade oposicionista, nas suas diferentes formas de organização (legal, semilegal, clandestina e no exílio). Inclui ainda documentos relacionados com as formas de protesto contra as medidas de repressão do regime, incluindo movimentos contra a Censura e a ausência da liberdade de expressão, ou a ação da PIDE, passando pela solidariedade com os presos políticos e diversos documentos referentes a alegações de defesa em tribunais plenários. De salientar também um conjunto de documentação alusiva à questão colonial, bem como numerosa imprensa, na qual se contam vários títulos clandestinos.
No que se refere ao período após o 25 de Abril, este inclui documentação relativa à atividade dos vários governos provisórios e constitucionais, com incidência naqueles em que Mário Soares participou ou dirigiu. Reúne, igualmente, documentação da atividade de Mário Soares enquanto Presidente da República, proveniente dos serviços de apoio de linha (como a Secretaria-Geral) ou de apoio político direto (caso do Gabinete e das assessorias). O conjunto contém também documentação das campanhas presidenciais de Mário Soares, das diversas visitas oficiais e de Estado que realizou, destacando-se ainda as designadas “Presidências Abertas”.

Instituição
Fundação Mário Soares e Maria Barroso

Nota biográfica/Institucional
Advogado, professor, oposicionista, político e dirigente partidário.
Mário Alberto Nobre Lopes Soares nasceu em Lisboa, a 7 de dezembro de 1924. Filho de João Lopes Soares, professor, pedagogo e político da I República, e de Elisa Nobre Soares. Casou com Maria de Jesus Simões Barroso Soares em 1949.
Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas, na Faculdade de Letras de Lisboa, em 1951, e em Direito, em 1957.
Foi professor do ensino secundário particular e diretor do Colégio Moderno, fundado por seu pai. Exerceu advocacia muitos anos e, quando do seu exílio em França, foi "Chargé de Cours" nas Universidades de Vincennes (Paris VIII) e da Sorbonne (Paris IV), e também professor associado na Faculdade de Letras da Universidade da Alta Bretanha (Rennes).
Desde os tempos de estudante universitário foi ativo resistente à ditadura. Pertenceu ao MUNAF em 1943, foi um dos fundadores do MUD Juvenil e depois membro da Comissão Central do MUD. Foi Secretário da Comissão Central da Candidatura do General Norton de Matos à Presidência da República, em 1949, e pertenceu à Comissão da Candidatura do General Humberto Delgado em 1958.
Como advogado defensor de presos políticos, participou em vários julgamentos, realizados em condições dramáticas, no Tribunal Plenário e no Tribunal Militar Especial. Representou a família do General Humberto Delgado na investigação do seu assassinato.
Integrou o Directório Democrático-Social (1955), foi membro da Resistência Republicana e Socialista, na década de 50, redator e signatário do Programa para a Democratização da República (1961), e candidato a deputado pela Oposição Democrática (1965) e pela CEUD (1969).
Foi 12 vezes preso pela PIDE, deportado sem julgamento para a ilha de S. Tomé em 1968 e, em 1970, forçado ao exílio em França.
Em 1973, no Congresso realizado em Bad Münstereifel, na Alemanha, a Acção Socialista Portuguesa (ASP), que fundara em 1964, transformou-se em Partido Socialista (PS), e Mário Soares foi eleito secretário-geral, sendo sucessivamente reeleito ao longo de quase treze anos.
Regressou do exílio em França em 28 de abril de 1974. Dias depois foi enviado pela Junta de Salvação Nacional às capitais europeias para obter o reconhecimento diplomático do novo regime democrático.
Participou nos I, II e III Governos Provisórios, como Ministro dos Negócios Estrangeiros, e no IV, como Ministro sem Pasta.
Como secretário-geral do PS participou em todas as campanhas eleitorais, tendo sido deputado por Lisboa em todas as legislaturas, até 1986. Após a vitória do PS nas primeiras eleições legislativas realizadas em 1976, foi nomeado primeiro-ministro do I Governo Constitucional (1976-77), tendo também presidido ao II (1978). Demitido o II Governo Constitucional pelo então Presidente da República, general Ramalho Eanes, Mário Soares passou a liderar a oposição entre 1978 e 1983.
Após nova dissolução da Assembleia da República, e na sequência das eleições legislativas que voltaram a dar a vitória ao PS, foi nomeado primeiro-ministro do IX Governo Constitucional, com base numa coligação partidária PS/PSD (1983-85), ao qual coube ultimar o processo de adesão de Portugal à CEE.
Candidatou-se de seguida às eleições presidenciais, sendo eleito em 16 de fevereiro de 1986. Foi o primeiro presidente civil eleito diretamente pelo povo, na história portuguesa. Em 13 de janeiro de 1991 foi reeleito, à 1ª volta, terminado o seu segundo mandato em 9 de março de 1996. Tornou-se então membro do Conselho de Estado, por inerência.
Em 1996 assumiu a presidência da Fundação que havia sido fundada em 1991 com o seu nome, e em 1997 foi eleito presidente da Fundação Portugal-África.
Em 1999 foi eleito deputado ao Parlamento Europeu, onde esteve até 2004.
Em 2006 concorreu, de novo, a Presidente da República, pelo PS, tendo perdido as eleições.
Foi ainda vice-presidente da Internacional Socialista, eleito no Congresso de Genève, em 1976, sendo sucessivamente reeleito até ser nomeado presidente honorário em 1986.
Morreu em Lisboa, a 7 de janeiro de 2017.

Dimensão
4377 unidades de instalação

Estado de Tratamento
Parcialmente tratado