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Mário Pinto de Andrade
O arquivo de Mário Pinto de Andrade reúne não apenas escritos da sua autoria, mas igualmente documentação que recolheu de outros autores, como Maurício Ferreira Gomes, Agostinho Neto, Fernando Costa Andrade e Marcelino dos Santos. Do mesmo modo, assinale-se que a documentação não diz somente respeito a Angola, como também às restantes colónias portuguesas, à questão colonial em geral e a diversas estruturas anti-colonialistas, como o Movimento Anti-Colonial (MAC) ou a Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas (CONCP).

Instituição
Fundação Mário Soares e Maria Barroso

Nota biográfica/Institucional
Filólogo.
Mário Pinto de Andrade nasceu em Angola, no Golungo Alto, a 21 de agosto de 1928, no seio de uma das mais antigas e respeitadas famílias de Luanda. Filho de Cristino Pinto de Andrade, funcionário público e um dos fundadores da Liga Nacional Africana.
Interessou-se, desde cedo, por questões ligadas à cultura do continente africano e à dignificação do homem africano. Em 1948, após ter frequentado durante cinco anos o Seminário de Luanda, embarcou para Lisboa, matriculando-se em Filologia Clássica na Faculdade de Letras, curso que não chegou a terminar. Na sua estadia em Lisboa estabeleceu contactos com os círculos da oposição portuguesa e, sobretudo, com o grupo de estudantes africanos da Casa dos Estudantes do Império. Ao lado de figuras como Amílcar Cabral, Eduardo Mondlane e Francisco José Tenreiro, participou nas atividades culturais relacionadas com África, sendo um dos fundadores, em 1951, do Centro de Estudos Africanos. Em 1953 organizou o “Primeiro Caderno de Poesia Negra de Expressão Portuguesa”. No ano seguinte, em resultado do seu crescente empenhamento político, exilou-se em Paris, onde foi redator da “Presence Africaine” (após 1955), e um dos organizadores do I Congresso de Escritores e Artistas Negros. Em 1958, juntamente com Viriato da Cruz, representou Angola na I Conferência de Escritores Afro-Asiáticos em Taschkent, URSS. Foi também nessa altura que se formou em Sociologia, na École Pratique des Hautes Études.
Com a criação do MPLA em 1960, assumiu a sua presidência até 1963. Entre 1965 e 1969, coordenou a Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas (CONCP), tendo papel preponderante na denúncia do colonialismo e nas tentativas de definição de estratégias concertadas por parte da FRELIMO, MPLA e PAIGC. De 1971 a 1972, integrou o Comité de Coordenação Político-Militar do MPLA na Frente Leste. Entretanto, aprofundou os seus estudos de reflexão sociológica, histórica e política, sendo de salientar a crítica às teorias do luso-tropicalismo e aos pressupostos ideológicos da negritude, assim como os trabalhos referentes a problemáticas socioculturais da formação das nações africanas.
Em 1974, juntamente com o seu irmão Joaquim Pinto de Andrade, assumiu-se como um dos dirigentes da corrente de intelectuais nacionalistas que se opôs à liderança de Agostinho Neto no seio do MPLA, que ficou conhecida como a “Revolta Ativa”. Após o regresso a Angola, em 1975, foi forçado a exilar-se na Guiné-Bissau, país onde exerceu as funções de coordenador-geral do Conselho Nacional de Cultura (1976-1978) e de ministro da Informação e Cultura (outubro de 1978 a novembro de 1980).
Paralelamente desenvolve atividade de investigação e consultoria em Cabo Verde e Moçambique. Em 1980 foi eleito membro do Conselho Executivo da UNESCO. Cidadão honorário de todas as ex-colónias portuguesas de África, sem documentação de cidadão angolano, Mário Pinto de Andrade morreu na altura em que preparava as edições da sua tese sobre a génese do nacionalismo em África e uma nova coletânea de poesia africana, ao mesmo tempo que liderava o grupo que tinha por objetivo constituir uma “mediação angolana” para o processo de pacificação em Angola.
Morreu em Londres, a 26 de agosto de 1990.

Dimensão
97 unidades de instalação

Estado de Tratamento
Parcialmente tratado