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Info

Abel Salazar/CMAS
O arquivo de Abel Salazar ilustra as diversas facetas da sua atividade enquanto médico, cientista, humanista, refletindo o seu interesse por diversas áreas do conhecimento, desde a cultura, a sociedade, o pensamento, a política, e ainda como pedagogo, escritor e artista, vertentes que sobressaem na organização da informação documental.
Assume particular dimensão e relevância a correspondência enviada a Abel Salazar, constituída por centenas de cartas, provenientes de diversas instituições e personalidades, a qual foi organizada alfabeticamente. De igual forma, a sua extensa coleção de desenhos é ilustrativa de uma das formas de expressão do seu génio artístico. O arquivo contém ainda um conjunto de centenas de fotografias relativas às diversas atividades de Abel Salazar.
Tendo o arquivo permanecido à guarda da Associação para o Desenvolvimento da Casa-Museu Abel Salazar, ao longo dos anos foram-lhe sendo adicionados vários materiais relacionados com a constituição e história da Casa Museu, destinada a enaltecer e divulgar a sua obra. Neste âmbito, encontram-se em especial diversas fotografias e uma coleção de recortes de imprensa alusivos às várias homenagens prestadas a Abel Salazar e à organização da própria Casa-Museu.

Instituição
Casa Museu Abel Salazar

Nota biográfica/Institucional
Médico, professor e artista.
Nasceu em Guimarães, a 19 de julho de 1889, no Hotel do Toural. Filho mais velho de Adolfo Barroso Pereira Salazar e Adelaide da Luz Silva Lima Salazar.
O seu pai foi, em Guimarães, secretário e bibliotecário da Sociedade Martins Sarmento, professor de francês na Escola Industrial Francisco de Holanda e escrevia para a Revista de Guimarães, e, no Porto, professor na Escola Industrial Infante D. Henrique.
Abel Salazar completou a escola primária e parte do secundário no Seminário-Liceu em Guimarães, onde foi aluno distinto e premiado. Em 1903, matriculou-se no Liceu Central do Porto, onde se manteve até à conclusão da 7ª Classe de Ciências no ano letivo de 1906/1907. O seu talento para o desenho foi-se revelando em caricaturas dos mestres, talento artístico que lhe abriu as portas de uma tertúlia de condiscípulos mais velhos e atentos às mudanças políticas que ocorriam no país.
Em 1907 subscreveu uma Representação de Estudantes do Porto contra um projeto de limitação da liberdade de imprensa e aderiu à greve académica ocorrida em abril daquele ano. Ingressou na Escola Médico-Cirúrgica do Porto em 1909, concluindo o curso de Medicina em 1915, com o “Ensaio de Psicologia Filosófica”, classificado com 20 valores.
Em 1918 foi nomeado Professor Catedrático de Histologia e Embriologia. No mesmo ano, fundou o Instituto de Histologia e Embriologia da Faculdade de Medicina do Porto, que dirigiu e, apesar da falta de recursos financeiros, conseguiu realizar uma série de notáveis trabalhos de investigação, a par da orientação pedagógica aos alunos de Medicina, considerada inovadora no contexto da época.
Entre 1919 e 1925, o seu trabalho torna-se conhecido internacionalmente, sendo publicado em várias revistas científicas internacionais, o que levou o autor a deslocar-se em representação da Faculdade de Medicina do Porto a congressos realizados na Europa, aproveitando para visitar vários estabelecimentos científicos.
A atividade de Abel Salazar não se limitou, porém, a movimentações de âmbito científico ou escolar e afins. Em 1915 participou, com dezenas de croquis, na Exposição de Humoristas e Modernistas realizada no Salão Passos Manuel, no Porto, juntamente com Almada Negreiros, Jorge Barradas, Cristiano Cruz, Stuart de Carvalhais, entre outros. Com Cerqueira Machado, seu companheiro de infância, realizou em 1922 uma exposição no Porto, e em 1924 em Lisboa, na Sociedade Nacional de Belas Artes.
Em 1926, sofre um esgotamento que o levou a interromper a sua atividade universitária durante quatro anos. Internou-se na Casa de Saúde de São João de Deus e dedicou-se às Artes. Escreveu livros e elaborou mais de 200 desenhos, entre esboços e estudos para quadros. De regresso à Faculdade em 1931, encontrou o seu gabinete desmantelado. Face à dificuldade em aceitar as limitações que lhe são impostas, foi mandado, em 1934, com uma bolsa de estudo num exílio disfarçado, para Paris, onde acabou por tomar parte em manifestações contra a ação repressiva que se então se exercia em Portugal. Foi-lhe retirada a bolsa concedida, e em 1935 foi “desligado do serviço”.
Ficou, daí para diante, em forçada inocupação, sendo-lhe vedada inclusive a biblioteca da sua Faculdade. O afastamento da vida académica permitiu-lhe desenvolver em sua casa uma produção artística variada na temática e na expressão plástica: gravura, pintura, desenhos, caricaturas, escultura, cobres martelados, etc. Colaborou também, ao longo dos anos, com diversos periódicos, nomeadamente no quinzenário Sol Nascente.
Em 1941, por sugestão do professor Mário de Figueiredo, então Ministro da Educação Nacional, o Instituto para a Alta Cultura criou um Centro de Estudos Microscópicos na Faculdade de Farmácia, cuja direção foi confiada a Abel Salazar. O centro funcionou sem condições materiais e financeiras, mas mesmo assim Abel Salazar continuou a fazer investigação com a colaboração de Adelaide Estrada.
Morreu em Lisboa, na casa de sua irmã Dulce Salazar, a 29 de dezembro de 1946, com 57 anos de idade.

Dimensão
55 unidades de instalação

Estado de Tratamento
Integralmente tratado