A coleção de Carlos Gil, essencialmente fotográfica, resulta da sua atividade ao longo de décadas como fotojornalista, e reflete a sua colaboração com publicações nacionais e estrangeiras, constituindo igualmente um registo das suas diversas viagens pelo mundo. É constituída por uma extensa coleção de slides e negativos, tanto a cor como a preto e branco, além de provas de contacto e em papel. Integram também a coleção um conjunto de documentos de identificação de Carlos Gil, algumas das máquinas fotográficas que utilizou nos seus trabalhos, objetos de uso pessoal como o seu cachimbo, e impressos relativos a exposições realizadas.
Fundação Mário Soares e Maria BarrosoJornalista e fotojornalista.
Carlos Augusto Gil nasceu em Mortágua, Viseu, a 19 de maio de 1937, passando parte da sua vida em Figueira de Castelo Rodrigo.
Fotojornalista com uma carreira de 35 anos, Carlos Gil foi também um viajante e cidadão do mundo, que ativamente lutou pela democracia e pela solidariedade entre os povos.
Em Lisboa, iniciou o curso de Direito nos finais da década de 1950, tendo sido membro ativo, enquanto estudante universitário, do Centro de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra e participando da formação do Grupo de Teatro Independente Teatro d’Hoje, com sede em Coimbra.
Em 1961, foi chamado para o serviço militar obrigatório, que o levou a Timor. Comandante do Destacamento de Intendência em Díli, foi entre 1963 e 1965 produtor, realizador e apresentador de programas culturais e de informação. Sempre ligado ao teatro, fundou neste período o Grupo de Teatro Experimental de Timor e colaborou ainda no jornal A Voz de Timor.
Em 1966, regressado à universidade, tornou-se membro da direção e ator do Grupo Cénico da Faculdade de Direito de Lisboa, participando no Festival Mundial de Teatro Universitário, em Nancy, obtendo uma menção honrosa com a peça “Os Ratos”, de Almeida Faria e Alexandre Oliveira.
Carlos Gil iniciou em 1968 a profissão de jornalista, colaborando como repórter, e mais tarde fotojornalista, no jornal A Capital. Entre 1970 e 1977 trabalhou como repórter na revista Flama. É nesta altura que inicia a colaboração com diversas publicações nacionais e estrangeiras. Entre 1977 e 1979, atuou como free-lancer, categoria que o Sindicato dos Jornalistas viria a reconhecer pela primeira vez. A partir da década de 1970, Carlos Gil dedicou grande parte da sua atividade jornalística (texto e imagem) a países marcados por conflitos armados e guerras de libertação.
Como enviado especial, viria a cobrir acontecimentos em Angola, Moçambique, Sara Ocidental, Curdistão, Líbano, Iraque, Panamá, El Salvador, Cuba, Costa Rica, Guatemala, Nicarágua, Líbia, Jordânia, Albânia, China, Argentina, Uruguai, México, Argélia e Marrocos. Coordenou, a partir de 1980, a secção fotográfica do jornal diário Portugal Hoje e do suplemento semanal Cooperação e, dois anos mais tarde, tornou-se editor-fotográfico da revista semanal Mais dirigida por Carlos Cruz (1982-1985) e, depois, da revista mensal Tempo Livre, do INATEL (1990-2001).
Foi autor de vários livros, neles publicando as suas fotografias e textos, designadamente em “Portugal e os seus Cavalos” (1983), “El Salvador, o caminho dos Guerrilheiros” (1983), “O Comércio de Lisboa” (1989), “Por Caminhos de Santiago” (1990 e reeditado em 2000), “Lisboa em Voo de Balão” (1998), “Excluídos” (1999) e “Viver Timor em Portugal” (1999). Colaborou ainda noutras publicações, como os jornais Diário de Lisboa, O Jornal, Expresso, Diário de Notícias, Jornal de Notícias, Jornal de Letras e na revista Sábado, e em publicações internacionais como o El País e o Der Spiegel, participando com trabalhos fotográficos e documentais com a RTP e TSF.
Carlos Gil foi agraciado com prémios como o “Repórter do Ano”, o “Gazeta de Jornalistas”, “Nova Gente” “Ibn Al Haythem”. Exerceu ainda atividades docentes no Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas (CENJOR), colaborando na formação profissional de jornalistas e candidatos a jornalistas.
Morreu em Lisboa, a 1 de junho de 2001.
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