A secção designada por Documentos César Anjo corresponde a um conjunto de documentos originalmente guardados por Alberto Pedroso dentro de um dossier, com a indicação "Espólio de César Anjo". Além deste conjunto, foram ainda aqui pontualmente reunidos alguns documentos dispersos, encontrados noutras pastas organizadas por Alberto Pedroso, mas cujo conteúdo indicia terem originalmente pertencido a César Anjo.
A secção inclui correspondência, manuscritos, documentos relativos às diversas actividades desenvolvidas por César Anjo, bem como outros por este reunidos, incluindo algumas publicações e propaganda de várias organizações políticas ou sociais.
Para além do que foi directamente produzido ou reunido por César Anjo, encontravam-se neste conjunto diversos documentos sobre este, posteriores ao seu falecimento, e que se classificaram como "Documentação complementar", como sejam textos de homenagem publicados em diversos órgãos de imprensa. Terão sido agregados ao espólio de César Anjo por sua filha, Maria Elsa Anjo Faria, que os cedeu a Alberto Pedroso. Saliente-se ainda o facto de este último ter também agregado ao conjunto mais alguns documentos no âmbito da sua própria intervenção sobre o espólio, nomeadamente algumas transcrições de textos de César Anjo que se encontram classificadas em "Textos literários e jornalísticos", e apontamentos sobre este que podem ser encontrados em "Documentação complementar".
Refira-se, finalmente, a existência no mencionado dossier de um pequeno grupo de documentos relativos ao médico Augusto César Anjo, filho de César Anjo e falecido em 1969, que não foi possível verificar se foram coligidos por sua irmã, Maria Elsa, ou pelo próprio Alberto Pedroso.
César Augusto Anjo de Deus (1890-1959), usualmente conhecido apenas por César Anjo, foi jornalista, escritor e pedagogo. Nasceu em Viseu e formou-se como professor na Escola Normal de Coimbra em 1909, e leccionou em diversas escolas. Foi Inspector do Círculo Escolar de Santa Comba Dão, entre 1919 e 1928, e da Região Escolar de Viseu, entre 1928 e 1931. Filiado no Partido Republicano, em 1918, durante o regime de Sidónio Pais, esteve preso na Penitenciária de Coimbra, juntamente com outros republicanos de Santa Comba Dão e de Mortágua. Mais tarde, as suas posições políticas de oposição ao regime da Ditadura Militar levariam à a suspensão do exercício das suas funções de Inspector Escolar, em 1931, sendo aposentado em 1934.
A sua faceta jornalística iniciou-se em 1908, com uma colaboração no semanário Ecos do Dão. Em 1911 participa no jornal Sul da Beira, de que chegou a ser director até 1933. Colaborou ainda nos periódicos lisboetas Capital e Povo (entre 1916 e 1920) e participou assiduamente na publicação Federação Escolar (de 1918 a 1925). Depois da sua suspensão e aposentação pela Ditadura, estabelece ainda colaborações regulares com outros periódicos, nomeadamente, com o semanário O Trabalho (1934-1940), Educador (1934-c.1936), Voz da Serra (1940-1949), Gazeta de Coimbra (1941-1948), República (1949-1959), Defesa da Beira (1953-1959), O Despertar (1956-1959), Folha de Tondela (1957-1959).
Publicou diversos livros, entre ensaios sobre questões de educação, romances e contos, entre os quais se destacam: A Educação do Povo Português (1913), A Educação Moral e Cívica nas Escolas Primárias (1918), Diário da Pátria (1932), Terra Mãe (1949), Erros de Educação (1953), Coração de Portugal (1957).
Casou com Aurora Rodrigues de Almeida e foi pai de Maria Elsa Anjo de Faria, Maria Helena Anjo Soeiro, Maria Isabel César Anjo (esposa de Alberto Pedroso) e do médico Augusto César Anjo. Era irmão de António Borges, Manuela Borges Pimenta e Fernanda Borges Ferreira.
Faleceu em 30 de Abril de 1959 na aldeia de Vila de Barba, Santa Comba Dão.
Informação adicional sobre a biografia e publicações de César Anjo pode ser encontrada no documento 09767.003