O arquivo de Alberto Pedroso espelha principalmente o interesse que devotou à investigação sobre a história portuguesa no século XX, em particular no que se refere ao movimento sindical e operário e a algumas correntes culturais e políticas que marcaram o século passado. Exemplo disso são os estudos de Alberto Pedroso com a finalidade de elaborar trabalhos jornalísticos ou publicar livros, e ainda projetos para outros temas de investigação que deixou inéditos, documentação reunida na primeira secção do esquema de classificação criado para o fundo, intitulada “Investigação e estudos históricos”. No entanto, é importante destacar que a curiosidade de Alberto Pedroso sobre temas políticos e sociais, levou-o a colecionar documentos provenientes de espólios de outras personalidades e a coligir inúmeros outros para complementar as informações de que necessitava. Algumas pessoas com quem teve oportunidade de confraternizar ofereceram-lhe diverso material para a elaboração dos seus estudos. Noutros casos foi o contacto com herdeiros que lhe permitiu o acesso a espólios, parte dos quais acabou por vir a integrar o seu próprio arquivo. Nos casos em que a documentação relacionada com outras personalidades foi mantida numa unidade própria por Alberto Pedroso, criaram-se secções distintas para a sua classificação e descrição. É o caso dos documentos relativos a Alexandre Vieira, António Augusto Ferreira de Macedo, César Anjo, Maria Elsa Anjo de Faria, Pedro Soares e outros. Tratam-se de conjuntos que, por um lado, são parte remanescente de alguns arquivos pessoais, mas que, por outro, apresentam também as marcas de intervenção que lhes foram sendo deixadas ao longo do tempo pelas sucessivas pessoas que detiveram a sua posse, desde herdeiros até ao próprio Alberto Pedroso. É também esse o caso da secção relacionada com a Seara Nova, que demonstra uma hibridez resultante da reunião de documentação produzida no âmbito da atividade da revista e da editora, em diversos períodos da sua existência, com documentos que a ela foram juntos por Alberto Pedroso, no âmbito das suas próprias investigações. Uma significativa coleção de títulos de imprensa e recortes, bem como vários exemplares de livros e outras publicações, demonstram também ter tido várias proveniências, apesar de terem sido organizados e mantidos separados por Alberto Pedroso.
Fundação Mário Soares e Maria BarrosoTécnico de contas, jornalista e escritor.
Alberto da Fonseca Pedroso nasceu em Lisboa, a 7 de abril de 1930. Foi casado com Maria Isabel César Anjo, filha do pedagogo e jornalista César Anjo.
Estudou na Escola Comercial Veiga Beirão e no Instituto Comercial de Lisboa, tornando-se técnico de contas.
Fez parte do MUD Juvenil nos seus tempos de estudante e tornou-se depois militante do PCP. Participou nas campanhas eleitorais da Oposição Democrática de 1969 e 1973. Após o 25 de Abril de 1974, colaborou em atividades de dinamização cultural da Junta de Freguesia de Nossa Senhora de Fátima, em Lisboa.
Dedicou-se também ao jornalismo e durante vários anos colaborou ativamente na revista Seara Nova, chegando a ser administrador da empresa sua proprietária, com o mesmo nome. Nas páginas desta revista publicou inúmeros artigos, abordando desde questões sindicais a problemas culturais, tendo contribuído para a divulgação de polémicas e de perfis de vários intelectuais portugueses. Escreveu igualmente para as revistas Vértice e História e para diversos jornais, entre os quais o República, o Diário de Lisboa, O Diário e Notícias da Amadora.
A par da atividade profissional e do jornalismo, interessou-se pela investigação histórica, em particular pelo estudo do movimento operário e sindical e o papel de algumas personalidades na história da cultura portuguesa contemporânea. Em conjunto com António Ventura publicou os livros “Emílio Costa e o sindicalismo: da formação libertária à Casa Sindical” (1977) e “Alexandre Vieira: 30 anos de sindicalismo em Portugal” (1985), e, em colaboração com a esposa, Maria Isabel César Anjo, o livro “Pequenas biografias de gente grande” (1986). Publicou também os livros “Raul Proença: panfletário e jornalista de folhas clandestinas” (1984), “Jaime Cortesão. 13 cartas do cativeiro e do exílio” (1987), e “Bento de Jesus Caraça - semeador de cultura e cidadania: inéditos e dispersos” (2007), e foi responsável pela apresentação do livro editado pela Biblioteca Nacional referente à mostra biobibliográfica de Augusto Casimiro (1989).
Morreu a 1 de janeiro de 2011.
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