Pesquisa Avançada
Voltar aos arquivos



Info

Francisco Lyon de Castro
O arquivo de Francisco Lyon de Castro é constituído por um grande leque de documentos ilustrativos de vários aspetos que caracterizaram a oposição ao Estado Novo, abrangendo todo o período de 1926-1974. Encontram-se, neste arquivo, numerosos autos de busca e apreensão realizados pela PIDE/DGS e a PSP junto de editores e livreiros e, também, nos CTT, que exibem de modo muito claro a verdadeira natureza da política do espírito levada a cabo pelo regime de Oliveira Salazar e Marcelo Caetano.
A correspondência trocada entre Francisco Lyon de Castro e diversas entidades, a propósito das apreensões de livros de que era vítima a sua editora, as Publicações Europa-América, permite compreender a realidade da censura e da apreensão de livros em Portugal.
Destaca-se igualmente um conjunto de documentos da oposição ao Estado Novo, desde as organizações clandestinas até às formas associativas que funcionaram de modo legal ou semilegal.

Instituição
Fundação Mário Soares e Maria Barroso

Nota biográfica/Institucional
Editor.
Francisco Lyon de Castro nasceu em Lisboa, a 24 de outubro de 1914.
Aos 14 anos, entrou para a Imprensa Nacional como aprendiz de Artes Gráficas, onde conviveu com operários anarquistas, sindicalistas e comunistas.
Em 1932 fundou o jornal Mocidade Livre, que constituía uma frente democrática de jovens operários e estudantes, e que veio a dar origem à criação da União Cultural Mocidade Livre.
No ano seguinte aderiu ao Partido Comunista Português e, ainda em fins de 1933, participou na preparação do movimento contra a criação dos Sindicatos Nacionais (corporativos), que se desencadeou em 18 de janeiro de 1934. A repressão que se seguiu justificou a fuga de Lyon de Castro para Espanha. Em Madrid, estabeleceu contactos com organismos democráticos portugueses de emigrados e com o Partido Comunista Espanhol, onde passou a militar. Frequentava com assiduidade o famoso Ateneo de Madrid, onde conheceu, e ouviu em conferências, muitos intelectuais e políticos republicanos e socialistas.
Em 1935 passou clandestinamente para França, a pé, pela montanha, durante 80 km, em pleno Inverno, uma “aventura” que veio a ser romanceada por Fernando Namora em "Os Clandestinos". Em Paris desenvolveu atividade em organismos democráticos e de solidariedade, particularmente entre operários portugueses residentes nos arredores de Paris, organizando sessões de esclarecimento com vistas à preparação política e sindical dos trabalhadores portugueses.
Ainda em 1935 regressou a Portugal, sendo preso pouco depois, passando pelas cadeias do Aljube, Peniche e Caxias. Foi julgado no Tribunal Militar Especial e condenado a quatro anos de desterro. Foi deportado para os Açores, cumprindo a pena na Fortaleza de S. João Baptista, em Angra do Heroísmo. Em 1939, estando ainda preso em Angra do Heroísmo, toma conhecimento do Pacto Germano-Soviético e revoltado com a ligação da URSS a Hitler, decidiu abandonar o PCP.
Foi libertado em 1940. Sendo-lhe recusado o regresso ao trabalho na Imprensa Nacional, ficou a trabalhar, durante cinco anos, numa pequena empresa familiar de negócios de madeiras. Em maio de 1945, organizou com seu irmão, Adelino Lyon de Castro, a Editora Publicações Europa-América, que se propôs, além da atividade editorial, realizar a importação de livros e publicações periódicas estrangeiras, a maior parte delas apreendida nos serviços dos correios.
Ao longo dos anos seguintes, desenvolveu intensamente a editora. Voltou a ser preso, tendo estado de novo no Aljube por mais duas vezes, acusado de importar publicações de natureza política subversiva e contrárias ao regime vigente.
Depois do 25 de Abril, foi membro da Administração da Empresa Pública Notícias-Capital e presidente da Comissão de Reestruturação da Imprensa Estatizada. Foi também o primeiro presidente eleito da Associação Portuguesa de Editores assim como da Associação Portuguesa das Indústrias Gráficas.
Durante vários anos, fez parte da Comissão Internacional da União Internacional de Editores. Na década de 1980, a família Lyon de Castro adquiriu a Editorial Inquérito e as Realizações Artis, ficando estas editoras sob a sua orientação pessoal. Em 1995 fundou com o filho e netos uma nova editora, Lyon Edições com o objetivo de publicar obras de ensaio e romance histórico.
Faleceu a 11 de abril de 2004.

Dimensão
5 unidades de instalação

Estado de Tratamento
Parcialmente tratado