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Mário e Alice Chicó
O arquivo produzido por Mário e Alice Chicó é constituído por documentos sobre a sua vida e obra, com destaque para os estudos sobre o património monumental em Portugal, e em diversos países europeus, na Índia e no Brasil. Esta documentação contém textos sobre a riqueza cultural e patrimonial do nosso país e a presença portuguesa no mundo, além de apontamentos de índole mais pessoal, em que são analisadas temáticas tão diversas como a arte popular e o artesanato, os rumos da museologia, a divulgação e a defesa do património junto dos jovens, e que denotam também a sua ligação ao Alentejo e, em especial, a Évora.
Faz igualmente parte deste acervo uma coleção fotográfica que Mário Chicó reuniu ao longo do seu trabalho como historiador de arte, ou que ilustram momentos da vida do casal Chicó, os seus interesses pela arte, arquitetura e património cultural.
Destaca-se, ainda, algumas páginas autobiográficas de Maria Alice Chicó sobre o trabalho no Museu de Évora e a sua ligação com a comunidade, designadamente, com os alunos das escolas pré-primárias e primárias. Do mesmo modo, aí evoca a sua atividade, "a pedido de Bento Caraça", na assistência aos prisioneiros internados no início da II Guerra Mundial nos campos do sul de França.
De salientar ainda o discurso de agradecimento de Mário Chicó pelo doutoramento Honoris Causa que lhe foi conferido pela Universidade do Recife.

Instituição
Fundação Mário Soares

Nota biográfica/Institucional
Mário de Sousa Tavares nasceu em Beja, a 18 de maio de 1905. Um dos quatro filhos de Manuel Jacinto de Sousa Tavares e Júlia Luísa da Silva. Esta última, fora adotada ainda menina por Manuel Rodrigues Chicó, natural de Goa, agrónomo das propriedades da Casa de Cadaval, e por sua esposa, Rufina da Conceição Guimarães, natural de Évora. O casal Chicó tomou também conta de Mário desde pequeno e este, ao atingir a maioridade, adotou o seu apelido, assumindo o nome de Mário Tavares Chicó.
Mário Chicó foi fortemente influenciado nas suas tendências artísticas pela mãe, aluna do curso de pintura da Escola Superior de Belas Artes, pelo avô adotivo e ainda por seu tio, José de Sousa Tavares, professor de História da Arte em Beja. Frequentou os liceus de Beja e Évora, a Escola Agrícola de Coimbra, a Faculdade de Direito e a Faculdade de Letras de Lisboa, licenciando-se em Ciências Históricas e Filosóficas em 1935. Em fevereiro de 1935, publicou numa separata da Medicina – Revista de Ciências Médicas e Humanismo um trabalho sobre a catedral de Évora no qual evidenciou o papel da documentação fotográfica no estudo do património.
Entre 1937 e 1939, com uma bolsa do Instituto de Alta Cultura, frequentou o Instituto de Arte e Arqueologia da Universidade de Paris, orientado por Elie Lambert e Henri Focillon, com os quais manteve uma relação estreita durante o curso de Arqueologia Medieval que seguiu na École de Chartes, relação que permaneceu ao longo dos anos. Viajou pela Europa, visitando e estudando a organização de museus e aprofundando o conhecimento do património arquitetónico em diversos países. Ao longo dos seus estudos, foi desenvolvendo o seu método de abordagem da História da Arte através da estética. De volta a Portugal, elaborou em 1941 o projeto de adaptação do Palácio da Mitra a Museu da Cidade de Lisboa e a respetiva organização e seleção das coleções a expor. Tomou também parte no IV Congresso da Associação Portuguesa para o Progresso das Ciências, realizado no Porto em 1942.
Morreu em Lisboa, a 11 de agosto de 1966.
Maria Alice Lami Tavares Chicó nasceu em Moçâmedes, Angola, a 13 de janeiro de 1913. Filha de Álvaro Palma Lami e de Carlota Peixoto de Almeida Lami.
Tendo seu pai, oficial da Marinha, sido colocado em França quando da participação de Portugal na I Guerra Mundial, Maria Alice parte para França em 1917, aí permanecendo até 1925. Ali faz os seus primeiros estudos primários e secundários. Quando regressou a Portugal concluiu os estudos no Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho, ingressando depois na Faculdade de Letras, onde se licenciou em Ciências Históricas e Filosóficas em 1939.
Dedicou-se também à música, tendo atingido no violino um alto grau de virtuosismo.
Foi uma das fundadoras, em 1940, da Associação Feminina Portuguesa para a Paz, instituição através da qual, sob a direção de Bento de Jesus Caraça, inicia um programa de auxílio aos prisioneiros dos campos de internamento do sul de França e da Argélia.
Em 1942 foi nomeada bibliotecária do Convento de Mafra e, no ano seguinte, casa com Mário Tavares Chicó, de quem tem dois filhos, Henrique e Sílvia.
A sua atividade desenvolveu-se também como professora do ensino particular. Foi membro efetivo do ICA e da APOM, participando nos congressos destas instituições em vários países da Europa e da América. Em 1966, foi colocada no museu da Fundação Calouste Gulbenkian, participando na elaboração dos primeiros catálogos do museu. Em 1973 foi admitida como conservadora da Casa de Bragança, ficando a seu cargo o Paço Ducal de Vila Viçosa. Em 1978 foi nomeada diretora do Museu Regional de Évora, onde permaneceu até 1983. Neste contexto, desenvolveu numerosas ações de animação, essencialmente viradas para os alunos das escolas primárias e secundárias.
A sua paixão pelo Alentejo fê-la permanecer em Évora após a aposentação, tendo ainda exercido o cargo de assessora de cultura da Câmara Municipal.
Viveu os últimos anos em Lisboa, onde morreu em 2002.

Dimensão
146 unidades de instalação

Estado de Tratamento
Parcialmente tratado