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Coleção FMSMB/António Pedro Vicente
Fazem parte desta coleção bustos, bandeiras, fotografias, postais, gravuras e ilustrações diversas, selos, moedas e medalhas, além de numerosos objetos de variado uso. Cada um dos espécimes que a integram constitui uma inesgotável fonte de informação da mais variada natureza, desde a sua conceção, produção e utilização, até aos acontecimentos e personalidades que evocam, mostrando aspetos até aqui quase desconhecidos da nossa vida coletiva do primeiro quartel do século XX.
É uma coleção política, de cariz essencialmente republicano e que representa alguns dos traços e dos instrumentos essenciais da propaganda, tal como se configurou nas primeiras décadas daquele século XX – ainda que nela figurem igualmente exemplos interessantes da iconografia da família real e da ditadura de Sidónio e, mesmo, do Estado Novo, sem esquecer alguns materiais oriundos de movimentos oposicionistas Neste âmbito, merecem referência algumas questões centrais: o uso crescente das novas técnicas fotográficas e de impressão; a introdução da propaganda política em áreas como a numismática ou a filatelia; o recurso frequente à sátira, já utilizada durante a monarquia, mas que explode na vigência do regime republicano; a introdução de elementos propagandísticos em objetos de uso doméstico; a frequente produção de muitos desses materiais por iniciativa de personalidades, empresas e coletividades; a utilização de imagens dos principais líderes republicanos enquanto propaganda e, mais tade, visando a estabilização da imagem pública do novo poder; e o carácter essencialmente iconográfico de todos estes instrumentos de agitação e propaganda, concebidos à medida de uma população com uma taxa de analfabetismo superior a 75%.
Sendo esta coleção complexa e temporalmente muito diversificada, optou-se pela sua organização temática, em que cada tema reúne espécies em diferentes suportes. Cremos, deste modo, contribuir para melhor transmitir a própria natureza da propaganda e da iconografia da época, quer nos finais da monarquia, quer após a implantação do regime republicano. Na verdade, imagens similares eram, com frequência, utilizadas em diferentes suportes e mesmo em diferentes épocas.
A coleção inicia-se, assim, pelo momento fundador da República e pelos seus principais símbolos (os bustos e a bandeira nacional). Depois, apresenta-se a iconografia de divulgação dos principais dirigentes republicanos e os materiais de propaganda, incluindo alguns posteriores à queda da República. Seguem-se a iconografia relacionada com a I Guerra Mundial e abundantes ilustrações de sátira política e social. Finalmente, em função da natureza dos respetivos suportes, encontram-se as espécies numismáticas, medalhísticas e filatélicas. Esta organização permite mostrar na sua plenitude uma coleção que, pelas suas próprias características, dificilmente se conteria numa estrita organização cronológica ou tipológica.

Instituição
Fundação Mário Soares

Nota biográfica/Institucional
Historiador e professor.
António Pedro Vicente nasceu em Águeda, em 1938. Filho do advogado e pintor Arlindo Vicente, que foi candidato à Presidência da República no tempo da Ditadura e por isso perseguido e preso pelo regime de Salazar.
António Pedro Vicente doutorou-se em História em 1974, pela Universidade de Paris-Nanterre, tendo numerosas obras publicadas, destacando-se os estudos sobre a Guerra Peninsular e aspetos marcantes da I República. Integrou várias academias científicas, sendo sócio correspondente de numerosas instituições. Foi galardoado com o Prémio Calouste Gulbenkian de História, concedido pela Academia Portuguesa da História, em 2001 e condecorado pela Presidência da República com a Comenda da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, em 2015. Professor catedrático aposentado da Universidade Nova de Lisboa.
Colecionador de iconografia republicana e de equipamento fotográfico, desde a juventude.

Dimensão
30 unidades de instalação

Estado de Tratamento
Integralmente tratado