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Info

Manuel Teixeira Gomes
O arquivo de Manuel Teixeira Gomes contém documentos que se situam entre as datas limites de 1894 e 1951, embora a maior parte dos documentos digam respeito ao período entre 1910 e 1922, ou seja, essencialmente referentes à sua ação diplomática no estrangeiro. O período posterior a 1922, designadamente o referente à presidência da República, bem como à posterior atividade intelectual, está claramente ausente deste acervo documental.
Arquivo composto maioritariamente por correspondência, familiar e política, com várias centenas de personalidades nacionais e estrangeiras, organizada cronologicamente. Contém igualmente um conjunto de coleções avulsas sobre diversas temáticas, relacionadas nomeadamente com a I República, a atividade da Legação de Portugal em Londres e a participação de Teixeira Gomes como delegado de Portugal à Sociedade das Nações, destacando-se, por exemplo, um conjunto de atas da 3ª Assembleia da Sociedade das Nações, realizada em setembro de 1922. Conteúdos de imprensa, fotografias e postais, não diretamente relacionados com as temáticas acima referidas, constituem grupos autónomos na organização documental criada.

Instituição
Fundação Mário Soares e Maria Barroso

Nota biográfica/Institucional
Político, diplomata, escritor, jornalista e empresário.
Manuel Teixeira Gomes nasceu em Vila Nova de Portimão, a 27 de maio de 1860. Seu pai, José Libânio Gomes, dedicou-se ao comércio de frutos secos, viajando bastante pela Europa, e assistiu à revolução de 1848 em França. O facto de advogar princípios republicanos terá contribuído para a formação política do seu filho.
Aos 10 anos foi enviado para o Seminário de Coimbra, tendo sido colega de José Relvas. Aos 15 anos, matriculou-se na Faculdade de Medicina daquela cidade, mas cedo desistiu do curso, instalando-se em Lisboa onde frequentou a Biblioteca Nacional e se tornou amigo de João de Deus e de Fialho de Almeida. Após ter cumprido o serviço militar, foi viver para o Porto, convivendo com Sampaio Bruno, Basílio Teles, Soares dos Reis e outros. Com Joaquim Coimbra e Queirós Veloso publicou o jornal de teatro Gil Vicente, colaborando no Primeiro de Janeiro e na Folha Nova.
Após anos de boémia, regressou a Portimão, reconciliando-se com a família e iniciando a sua participação nos negócios. Nas suas viagens visitou a Europa, permanecendo bastante tempo em Itália. Alargou o seu campo cultural, deambulando pelo norte de África e pela Ásia Menor. A partir de 1895, estabeleceu novos contactos com os meios literários de Lisboa. Por intermédio de Fialho de Almeida conheceu Marcelino Mesquita, Gomes Leal e outros. Alfredo Mesquita, Luís Osório e António Nobre entusiasmaram-no para a publicação da sua primeira obra “O Inventário de Junho”, publicada em 1899.
Democrata e republicano desde muito jovem, colaborou assiduamente no diário A Luta, de Brito Camacho, de quem também era amigo pessoal. Após a implantação da República foi convidado para exercer o cargo de ministro plenipotenciário de Portugal em Londres, especialmente sensível dadas as relações tradicionais entre os dois países e o exílio em Inglaterra da ex-família real portuguesa. Em abril de 1911, seguiu para a capital inglesa, apresentando credenciais ao rei Jorge V, em 11 de outubro.
Numa Europa dominada por monarquias, que não via com bons olhos a nova República emergente, a sua ação diplomática revelou-se essencial, salientando-se a sua ação na entrada de Portugal na Grande Guerra, solicitada pelo Estado inglês. Esta colaboração custou-lhe a forte oposição dos sectores que se opunham à entrada de Portugal no conflito, tais como Brito Camacho, e a destituição do cargo durante o consulado de Sidónio Pais. Em 1919, depois da morte de Sidónio, desempenhou o cargo de ministro de Portugal em Madrid, mas a breve trecho foi reempossado nas suas antigas funções em Londres. Em 1922, foi nomeado delegado de Portugal junto da Sociedade das Nações, desempenhando funções de vice-presidente.
Em 6 de agosto de 1923, foi eleito Presidente da República, tomando posse a 5 de outubro do mesmo ano. De início, com o objetivo de se inteirar dos problemas, pediu a António Maria da Silva para prosseguir no Governo, ao mesmo tempo que convidou Afonso Costa. Depois deste ter, finalmente, declinado o convite, recomeçou a dança dos executivos.
Perante o quadro de efervescência política, social e militar, Teixeira Gomes, sentindo, por um lado, que as forças republicanas estavam cada vez mais fragilizadas e desunidas, e, por outro, que não dispunha de poderes para intervir no quadro legal imposto pela Constituição, resignou do seu mandato, a 11 de dezembro de 1925.
Em 17 de dezembro desse ano, embarcou no paquete grego Zeus, não regressando mais a Portugal. Em 1931, instalou-se em Bougie, na Argélia, onde viveu os seus últimos dez anos, e de onde continuou a colaborar com o jornal O Diabo e com a revista Seara Nova.
Morreu em Bougie, a 18 de outubro de 1941.

Dimensão
10 unidades de instalação

Estado de Tratamento
Integralmente tratado