O arquivo de Ruy Duarte de Carvalho reúne peças de tipologias diversas, obras de sua produção ou por si colecionadas no período entre 1941 e 2010, que traduzem a sua personalidade multifacetada e as viagens, variedade de residências e de contactos que desenvolveu ao longo da vida.
É constituído por um conjunto de obras de arte, como esboços e estudos de Ruy Duarte de Carvalho, pintura e desenho sobre papel, técnicas mistas com grafite, tinta-da-china, acrílico e aguarela, provas fotográficas sobre papel e alucolic, assim como documentos autógrafos e dactilografados, e uma coleção de objetos.
Contém ainda documentos referentes a exposições dedicadas a Ruy Duarte de Carvalho, ficheiros digitais de vídeo e áudio e outros elementos multimédia de sua autoria ou colecionados por si.
Cineasta, antropólogo, escritor, poeta e artista plástico.
Ruy Duarte de Carvalho nasceu em Santarém, Portugal, em 1941. Naturalizou-se angolano no final da década de 1970. Ruy Duarte de Carvalho começou por publicar poesia, mas ao longo da sua vida teve oportunidade de desenvolver inúmeros interesses artísticos e intelectuais, tendo sido cineasta, antropólogo, escritor, poeta e pintor, exercendo algumas destas atividades em simultâneo.
Passou a infância em Moçâmedes, atual Namibe, Angola, mas formou-se como regente agrícola em Santarém. Regressou a Angola, trabalhando em plantações de café e na criação de carneiros Karaculo. Passou por Maputo, Moçambique, trabalhando numa fábrica de cerveja, e mais tarde por Londres, Inglaterra, onde estudou cinema. Voltou para Angola onde trabalhou na Televisão Popular de Angola e no Instituto de Cinema de Angola, o que o levou a estudar Antropologia na École d´Hautes Études des Sciences Sociales (EHESS), em Paris, França.
Publicou o seu primeiro livro de poesia em Angola, «Chão de Oferta» (1972), ganhando o prémio Motta Veiga de poesia, mas ao longo da sua vida publicou também escritos etnográficos, políticos e literários, em Portugal e no Brasil. «Vou Lá Visitar Pastores» (1999), a sua obra mais etnográfica, foi adaptada para teatro (2004); e a sua ficção literária «Desmedida» (2007), uma narrativa de viagem no rio São Francisco, foi premiada em Portugal.
Assinando como Rui Duarte, desenvolveu a sua carreira cinematográfica principalmente entre 1975 e 1989, tendo também obtido alguns importantes prémios internacionais, principalmente com «Nelisita» (1982), uma etno-ficção realizada com pessoas de origem Ovamwila, populações agro-pastoris do Sudoeste de Angola.
A sua obra foi alvo de uma retrospetiva em 2005, «Dei-me Portanto a um Exaustivo Labor» (CCB, Lisboa, curadoria de José Fernandes Dias), uma homenagem em 2011, «O que não ficou por Dizer» (Chá de Caxinde, Luanda e Lisboa) e, mais recentemente, uma exposição intitulada «Uma Delicada Zona de Compromisso», associada a «Paisagens Efémeras», um ciclo que contemplou também um colóquio, «Diálogos com Ruy Duarte de Carvalho», realizado em 2015, em Lisboa (Galeria Quadrum, organizado por Buala, plataforma que atua sobre questões pós-coloniais nas áreas da cultura, comunicação, arte e educação).
Morreu em 2010.
50 unidades de instalação
Parcialmente tratado