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Diário da Manhã/Garcia Pulido
A coleção cedida por Garcia Pulido compreende os primeiros 57 números do jornal Diário da Manhã publicados em 1931.
Os anos que decorreram entre o golpe militar de 28 de Maio de 1926 e a definitiva implantação do regime, designado como Estado Novo a partir da entrada em vigor da nova Constituição de 1933, caracterizaram-se por uma intensa agitação entre as diferentes correntes apoiantes da ditadura militar, visando, designadamente, organizar uma estrutura civil de apoio ao regime.
Numa altura em que a imprensa escrita desempenhava um papel fundamental nas movimentações políticas, diferentes tentativas de criar esta base civil, associadas a diferentes publicações de que são exemplo a Revolução Nacional (1926) ou o diário Portugal, fundado no mesmo ano, expressam a divisão existente nas fileiras do regime, ora inspiradas por modelos mais radicalmente nacionalistas, ora tentando conciliar o antigo modelo rotativista republicano.
Criada a União Nacional, em julho de 1930, iniciou-se o processo de formação das diferentes comissões distritais e concelhias, que se prolongou até março de 1931. Durante este período, e apesar de algumas críticas, a verdade é que o consenso em torno do recém-criado partido/movimento se vai tornando cada vez mais unânime dentro das hostes afetas ao regime.
Foi neste contexto que surgiu o Diário da Manhã, a 4 de abril de 1931, sob direção de Domingos Garcia Pulido. Ocupando a antiga redação do jornal O Mundo, pioneiro jornal republicano (na Rua da Misericórdia, onde hoje está instalada a Associação 25 de Abril), assumiu o papel de órgão oficioso e de doutrinação da União Nacional. Apesar disso, e reflexo da complexa reconfiguração das elites políticas em curso, reclama para si, no seu primeiro editorial, a classificação de “jornal republicano”.
Com a consolidação do Estado Novo, o Diário da Manhã assumiu uma linha progressivamente mais sectária no culto à figura de Salazar, embora continuasse a apresentar-se como um órgão noticioso. Esta evidência certamente terá contribuído para que a sua expansão se devesse quase exclusivamente à distribuição gratuita ou por assinatura dos diferentes serviços do Estado.
A subida ao poder de Marcelo Caetano e uma certa abertura do regime esvaziaram de sentido a existência do jornal. O seu último número sai no dia 30 de janeiro de 1971, vindo a ser substituído pelo jornal Época.

Nota biográfica/Institucional
Advogado, professor, escritor e político.
Domingos Garcia Pulido nasceu na Vidigueira, a 20 de agosto de 1892. Filho de João Martins Pulido, médico-cirurgião que chegou a ser Governador Civil de Beja já durante o Estado Novo, e de Maria das Dores Garcia.
Concluiu os seus estudos secundários em Beja e ingressou na Universidade de Coimbra, terminando o bacharelato em Direito no ano de 1916. Regressou então a Beja, onde exerceu advocacia e deu aulas no liceu local. Ainda estudante, colaborou nas revistas literárias Dionísio e Rajada, e publicou em 1912 o livro de crítica à vida intelectual portuguesa "Rompendo fogo… (A Renascença e o Inquérito)". Mais tarde publicou igualmente dois livros de poesia, "Nos Braços da Cruz" (1914) e "Fogo Sagrado" (1923).
Próximo do Integralismo Lusitano e ideologicamente conservador, veio a ser, ao longo da sua vida, um homem de confiança de Salazar, embora nunca ascendendo a lugares cimeiros dentro do regime. Esta proximidade a Salazar refletiu-se na participação ativa na União Nacional, sendo o primeiro diretor do Diário da Manhã (que viria a ser órgão oficial desta organização política), cujo primeiro número sai a 4 de abril de 1931. Manteve-se neste cargo até 10 de setembro desse ano, data em que, numa breve nota não assinada, é afirmado que tal facto se devia a razões de saúde.
Foi eleito deputado pelo círculo de Beja em abril de 1918, em pleno Sidonismo, mas só mais tarde, na I Legislatura da Assembleia Nacional (1935-1938), já no Estado Novo, é que exerceu efetivamente este cargo. Conselheiro e visita frequente de Salazar, foi uma das personalidades escolhidas para a elaboração da lista de candidatos, tendo depois participado de forma ativa na campanha eleitoral. A sua passagem pelo parlamento é relativamente apagada e culmina com o seu pedido de renúncia, evocando razões pessoais, em abril de 1937. Posteriormente fez carreira no Ministério da Justiça, chegando ao posto de inspetor-geral e diretor dos Serviços Jurisdicionais de Menores.
Paralelamente, foi presidente do conselho fiscal da Sacor, administrador da Sociedade Nacional de Tipografia e vice-presidente da direção do Sport Lisboa e Benfica.
Morreu em Lisboa, a 16 de dezembro de 1973.

Dimensão
2 unidades de instalação

Estado de Tratamento
Integralmente tratado