O arquivo de Fernando Rosas é constituído um conjunto de fotografias relativas à crise académica de 1962 e documentação produzida pelo MRPP desde a sua fundação, em 1970, até finais da década de 70, reunida por Fernando Rosas durante o período em que o mesmo integrou este partido, e que abrange desde comunicados emanados dos órgãos centrais, a diversos documentos produzidos por organizações sectoriais ou unitárias, como é o caso da União das Mulheres Comunistas (UMC) ou do Movimento Popular Anticolonial (MPAC), além de diversos boletins e brochuras publicadas durante os anos de 1970.
Fazem também parte deste arquivo alguns títulos de imprensa periódica, como seja o caso de O Diabo e uma coleção da revista O Pensamento (1938-1940).
Destaca-se ainda um conjunto de manuscritos de Fernando Rosas, abrangendo artigos e intervenções de carácter político e trabalhos de investigação histórica produzidos durante o período em que frequentou o Mestrado de História Contemporânea na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas.
Encontra-se igualmente neste arquivo o Relatório da PVDE respeitante à sua ação entre 1932 e 1938, cedido por Fernando Rosas para reprodução.
Fundação Mário Soares e Maria BarrosoProfessor, historiador, político e jornalista.
Fernando José Mendes Rosas nasceu em Lisboa, a 18 de abril de 1946, no seio de uma família republicana.
Frequentou o Liceu Pedro Nunes tendo participado na fundação da Comissão Pró-Associação dos Liceus (CPA-L), em 1960, da qual seria mais tarde vice-presidente, na sequência da sua participação nos movimentos estudantis que marcaram a crise académica de 1962. Matriculou-se na Faculdade de Direito de Lisboa, tornando-se dirigente da respetiva associação de estudantes. Em janeiro de 1965, foi preso e condenado em tribunal plenário a um ano e três meses de prisão correcional, no contexto da vaga repressiva sobre a resistência estudantil à ditadura.
Após a sua libertação, dedicou-se a diversas atividades no campo da luta estudantil e no apoio aos presos políticos. Militante do PCP desde 1961, Fernando Rosas afastar-se-ia da área política comunista, após os acontecimentos de Maio de 1968 e da invasão soviética da Checoslováquia. Em fevereiro de 1968 participou na primeira manifestação em Portugal contra a guerra do Vietname, dinamizada por sectores que deram origem à Esquerda Democrática Estudantil (EDE), formada no final daquele ano, e de que Fernando Rosas se tornou um dos responsáveis políticos. Em 1969, participou nas lutas académicas em Lisboa, enquanto membro da EDE. Nesse mesmo ano, concluiu a sua licenciatura em Direito e participou na campanha eleitoral dinamizada pelo Movimento da Juventude, integrado na Comissão Democrática Eleitoral, que reuniu um vasto conjunto da oposição de esquerda.
Em setembro de 1970, em resultado da conjugação de militantes da EDE e do Movimento da Juventude, foi criado o MRPP, de cujo grupo fundador Fernando Rosas fez parte. Ocupou o cargo de técnico jurista do Gabinete de Estudos e Planeamento dos Transportes Terrestres. Foi preso pela PIDE uma segunda vez, em agosto de 1971, sendo submetido à tortura do sono. Foi condenado pelos tribunais do regime a 14 meses de prisão, sendo impedido de regressar à função pública depois de cumprida a pena. Em março de 1973, participou na dinamização da campanha de denúncia do colonialismo encetada pelo nacionalista africano Amílcar Cabral. Escapou a uma nova tentativa de prisão, refugiando-se na clandestinidade.
Após o 25 de Abril de 1974, e até 1979, dirigiu o jornal Luta Popular do MRPP, organização que representou nas duas campanhas presidenciais de Ramalho Eanes. Posteriormente desliga-se do MRPP, mantendo embora o seu ativismo político que o levou, a partir de 1985, a integrar as listas do PSR como candidato independente, em diversas campanhas eleitorais.
Regressou à vida académica em 1982, concluindo em 1986 o primeiro mestrado em História Contemporânea na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa. Foi convidado para assistente do Departamento de História e obteve o doutoramento em 1990. Presidiu ao Instituto de História Contemporânea da FSCH e tornou-se professor catedrático em 2003. Em 1996 participou na Comissão Política da candidatura presidencial de Jorge Sampaio e, em 1999, foi um dos elementos fundadores do Bloco de Esquerda, cuja Comissão Permanente integrou. Como membro deste partido, foi eleito deputado para as VIII, X e XI legislaturas, entre 1999 e 2002 e 2005 e 2011. Com o apoio do BE foi também candidato à Presidência da República em 2001.
Para além da atividade académica e política, Fernando Rosas também se dedicou ao jornalismo, tendo colaborado com o Diário Notícias e com o jornal Público. Publicou diversas obras no âmbito da história do Estado Novo, dirigiu a revista História a partir de 1994, e foi consultor histórico da Fundação Mário Soares e Maria Barroso.
32 unidades de instalação
Parcialmente tratado