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Francisco Ramos da Costa
O arquivo de documentos de Francisco Ramos da Costa contém sobretudo correspondência trocada com destacados elementos da oposição ao Estado Novo, designadamente Fernando Piteira Santos, Mário Soares e Humberto Delgado, com os movimentos de libertação das colónias portuguesas, organizações internacionais socialistas e Confederação Internacional dos Sindicatos Livres.

Instituição
Fundação Mário Soares e Maria Barroso

Nota biográfica/Institucional
Político e embaixador.
Francisco Ramos da Costa nasceu em 1913.
Oriundo de uma família de trabalhadores rurais de Alfarelos, foi trabalhar para Lisboa aos 11 anos como moço de recados. Frequentou o Instituto Comercial e licenciou-se em Ciências Económico-Financeiras. Ao mesmo tempo, progrediu profissionalmente chegando a diretor do Hotel Avis.
No início de 1935 integrou o Grupo de Amigos do Liberdade, juntamente com Álvaro Cunhal, Vasco de Magalhães Vilhena, Mário Dionísio e Álvaro Salema, jovens militantes comunistas que imprimiram ao jornal republicano Liberdade uma orientação mais radical e de cariz marxista.
Nos finais dos anos 30, participou no lançamento da Frente Popular, a cuja comissão nacional pertenceu. Foi preso pela primeira vez em 1935, quando já era membro da comissão de organização do PCP, passando a membro do Comité Central no final da década. Foi membro da Comissão Executiva do MUNAF e da comissão consultiva e de economistas do MUD na década de 1940. Continuou a desenvolver atividade clandestina, militando na direção da organização militar do PCP com o pseudónimo Campos. Foi preso em 1947 e 1948, e novamente em 1949, na sequência das suas intervenções durante a campanha de candidatura de Norton de Matos à Presidência da República.
A partir de 1950-1951, cresceram as suas posições críticas face ao sectarismo do PCP. Em 1951 colaborou na promoção de uma concentração contra o Estado Novo em Portimão, aproveitando a trasladação do corpo de Teixeira Gomes, antigo Presidente da República. Embora a sua ação lhe tenha merecido elogios na imprensa comunista, o Comité Central do PCP decidiu a sua suspensão, na sequência do que Francisco Ramos da Costa sai do partido. Juntamente com Mário Soares, Piteira Santos e outros companheiros, encetou uma tentativa de reagrupamento que toma forma em 1953 com a Resistência Republicana. Em 1958 começou por apoiar Arlindo Vicente nas eleições para a Presidência da República, para depois ser ativo apoiante de Humberto Delgado. Envolvido na Conspiração da Sé, que deveria eclodir em 11 de março de 1959 e no golpe militar de Beja, foi informado de que a PIDE conheceria essa ligação e resolveu fugir para Paris, onde fixou residência.
Foi um dos impulsionadores da Frente Patriótica de Libertação Nacional, na qual participou como representante da Resistência Republicana. Esteve presente, nessa qualidade, nas conferências da FPLN de Roma (1962), Praga (1963) e Argel (1964).
No exílio, Francisco Ramos da Costa desenvolveu atividade de ligação ao movimento socialista e social democrata internacional. Foi um dos impulsionadores da reorganização do movimento socialista em Portugal, sempre em contacto com Mário Soares e Tito de Morais. Participou na criação da Ação Socialista Portuguesa em 1964 e foi um dos fundadores do Partido Socialista, em 1973. Foi por seu intermédio que o campo socialista, e Mário Soares em particular, estabeleceram contacto com personalidades como Willy Brandt e Olof Palme. Foi um dos principais responsáveis pela aceitação da Acção Socialista Portuguesa como membro de pleno direito na Internacional Socialista. Em simultâneo, desenvolveu relações com o meio sindical, designadamente com a Confederação Internacional dos Sindicatos Livres, divulgando a situação do movimento sindical português.
Após o 25 de Abril de 1974, regressou a Portugal acompanhando Mário Soares. Veio posteriormente a ser nomeado Embaixador de Portugal na Dinamarca.
Morreu em 1982.

Dimensão
10 unidades de instalação

Estado de Tratamento
Integralmente tratado