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A revolução está na rua

Esta exposição recupera a memória fotográfica do 25 de Abril de 1974, dando-lhe o sentido de uma evocação, de um tributo, de uma atualidade.

Nas praças, largos e ruas do centro de Lisboa, onde os acontecimentos decidiram o destino incerto da Revolução, tornando-a vitoriosa, são apresentadas, em grandes formatos, fotografias aí captadas, nas horas em que a Revolução está na rua. Esse é o dia 'inicial, inteiro e limpo', de que falou Sophia de Mello Breyner. Esse é o tempo em que 'a Poesia está na rua', como Maria Helena Vieira da Silva inscreveu nos cartazes que então fez.

Da Praça do Comércio ao Largo do Carmo, do Chiado à Rua António Maria Cardoso, do Largo de Camões à Rua da Misericórdia, propõe-se um roteiro de imagens fundadoras da nossa Liberdade. Olhando as multidões e os indivíduos, os militares e os civis, as fardas e os cravos, as chaimites e os automóveis, as mãos e as armas, os edifícios e os sítios, as figuras e as roupas, as atitudes e os gestos, as luzes e as sombras, vemos que o espírito do lugar coincide com o espírito do tempo, ligando uma estética iconográfica, uma história política, uma sociologia visual e uma poética libertadora.

Quatro décadas depois, estamos aqui nas ruas onde se passou o que se passou quatro décadas antes. Estas imagens restituem-nos a Revolução, nas suas horas, nos seus minutos, nos seus segundos - e nos seus lugares. Dão-nos uma reportagem da ansiedade. Mostram-nos um filme de avanços, recuos, passos, pausas, esperas, esperanças. Dão-nos os novos painéis de Nuno Gonçalves nos seus muitos rostos, as palavras gritadas com voz vertiginosa, o medo de voltar a não conseguir, a construção da vitória, a alegria do cansaço, o movimento para o futuro.

Integrada nas comemorações dos 40 anos do 25 de Abril promovidas pela Câmara Municipal de Lisboa, e com a colaboração da Fundação Mário Soares, a exposição tem como comissários José Manuel dos Santos e João Pinharanda, sendo o design de André Maranha, a investigação documental de Alfredo Caldeira e a produção de Álvaro Costa de Matos.

Os fotógrafos representados são Alfredo Cunha, Carlos Gil, Eduardo Gageiro e Mário Varela Gomes. Foi a coragem que os fez sair à rua na madrugada daquele dia longo e triunfal. Foi a audácia que os levou a encontrarem-se com a História.

Estas imagens memoráveis, na autenticidade do seu testemunho e no fulgor oculto da sua aura, trazem o tempo delas até ao nosso. Nessa deslocação, movem signos e sentidos, atualizando-os, renovando-os, revigorando-os. E dão ao nosso presente a energia criadora de uma grande veemência coletiva reencontrada.