O arquivo de Inácio Ludgero é constituído por uma extensa coleção fotográfica (negativos a preto e branco, diapositivos, provas fotográficas e provas de contacto), a qual ilustra as várias décadas da sua carreira profissional como fotojornalista, nomeadamente a sua colaboração com A Capital, O Jornal e a revista Visão, registando as reportagens que cobriu em diferentes contextos tanto em Portugal como no estrangeiro.
Uma parte substancial da sua coleção documenta os acontecimentos do dia 25 de Abril e do 1º de Maio de 1974, assim como alguns momentos que marcaram o subsequente período revolucionário, designadamente as movimentações militares do 11 de Março e do 25 de Novembro de 1975. Ilustra, igualmente, a efervescência política e social da altura, captando aspetos da Reforma Agrária, greves, manifestações, plenários, comícios políticos e ataques a núcleos partidários. Entre os políticos portugueses retratados deste período destacam-se Adelino Amaro da Costa, Adelino da Palma Carlos, Álvaro Cunhal, António de Almeida Santos, António Barreto, António de Spínola, Francisco da Costa Gomes, Diogo Freitas do Amaral, Hermínio da Palma Inácio, José Manuel Tengarrinha, José Pinheiro de Azevedo, Hermínio da Palma Inácio, Mário Soares e Otelo Saraiva de Carvalho.
O arquivo integra também uma coleção de imprensa, com todos os números d´O Jornal, documentos de identificação, correspondência, folhetos relativos a exposições, exemplares de cursos de fotografia, fichas de inscrição ao Prémio Gazeta e demais materiais de trabalho utilizados nos vários livros que publicou ao longo da sua carreira.
Fotojornalista.
Inácio Ludgero Gomes Fernandes nasceu na Amadora, a 19 de dezembro de 1950, tendo passado a sua juventude entre Odemira, Portimão e Parede.
Frequentou o curso de Escultura da Escola Superior de Belas Artes, em Lisboa, que não chegou a concluir para abraçar uma carreira dedicada ao jornalismo e à fotografia.
Iniciou a sua atividade jornalística no vespertino A Capital, em 1972, transitando para os quadros do semanário O Jornal, como repórter-fotográfico, onde se manteve desde o primeiro número, publicado em maio de 1975, até à sua extinção, em novembro de 1992.
Integrou os quadros da revista Visão entre 1992 e março de 2008. Colaborou, ainda, com a Se7e, Jornal de Letras, Jornal da Educação, História, entre outros títulos. Em junho de 1994, publicou, em conjunto com José Jorge Letria, o seu primeiro álbum fotográfico, “Lisboa, Capital do Coração”. Nesse mesmo ano, ganhou o 1º prémio do 8º Concurso de Fotografia do Meio Ambiente da Câmara Municipal do Barreiro, na categoria de preto e branco, assim como o Prémio Gazeta (Prémio Nacional de Foto-reportagem de 1993, do Clube de Jornalistas), graças a uma fotografia captada na coluna do Huambo (Angola), intitulada Pietá Negra, a qual viria também a ser distinguida como uma das 50 fotografias do século XX, pela Associated Press, em julho de 1999.
Como enviado especial, cobriu acontecimentos em Angola, Timor, Guiné-Bissau, Moçambique, África do Sul, Ruanda, Tanzânia, Uganda, Birmânia, Kosovo, Bósnia e Líbano.
Recebeu diversas distinções e homenagens, entre as quais se destaca a Comenda da Ordem do Mérito, em junho de 2022, por ocasião da celebração dos seus cinquenta anos de carreira profissional.
De entre os vários livros de fotografia que publicou, destacam-se Para a História da Maçonaria em Portugal (1913-1935) (1976), Uma porta para o Alentejo (1984), Lisboa: capital do coração, Timor: os mártires do silêncio (1999), Inácio Ludgero: 12 dias com os mártires do silêncio (2000), Timor Lorosae: 24 fotos (2000), Tribunal Constitucional (2003), Múltiplas cumplicidades (2015), Direito de autor: que futuro na era digital? (2016), Soares sempre fixe! (2017), António Casimiro: janelas com vista para lá (2019), Um mundo aflito: memória de um tempo de ausência (2020) e Nunca sós: combate dos obreiros do GOI à COVID-19 (2023).
Atualmente, trabalha como freelancer, colaborando em vários projetos editoriais e exposições.
2 unidades de instalação
Parcialmente tratado.
